Antes de abordarmos nosso tema, torna-se necessária a construção de uma reflexão sobre as habilidades necessárias para a formação do perfil de um bom montador e o conhecimento relacionado com a montagem de móveis. Obviamente que a profundidade deste conhecimento seja ele prático ou teórico, pode variar muito, então vamos delimitar os requisitos mínimos necessários, focando o estritamente fundamental.
O primeiro aspecto é a necessidade de interpretação de desenhos técnicos, além obviamente da matemática e língua portuguesa básica. Partindo da premissa que o montador é capaz de mentalizar o produto através da representação esquemática, começamos o segundo requisito.
O montador precisa conhecer as matérias-primas que compõe os produtos que deseja montar, sejam elas madeira maciça, painéis reconstituídos de MDP ou MDF, compensados, contra-placados, painéis reciclados pet ou demais variantes. Isoladamente, cada tipo de matéria-prima possui suas características específicas de manuseio.
É necessário que o montador de móveis conheça os dispositivos de fixação apropriados a cada tipo de matéria-prima, sejam eles estruturais ou não. Parafusos, minifix, dobradiças, calços, corrediças, perfis e demais dispositivos e ferragens habituais dentro do segmento moveleiro.
Conhecidos produto e seus componentes já é possível estabelecer as ferramentas adequadas para o serviço de montagem. Temos aqui um novo tipo de requisito, a habilidade técnica em utilizar adequadamente as diferentes ferramentas necessárias durante a execução da montagem. Resumindo a abordagem apresentada de uma maneira direta, temos que o montador precisa conhecer:
- Desenho técnico do produto
- Matéria-prima do mobiliário
- Acessórios, ferragens e dispositivos de montagem
- Ferramentas para execução da montagem
Finalmente estabelecido o ambiente de formação profissional, podemos abordar cursos e treinamentos existentes para as áreas identificadas. Não iremos nos abster na diferença entre um montador de móveis planejados e um montador de móveis convencionais. Embora o conteúdo e a profundidade dos quatro tópicos apresentados possa variar, os tópicos em si continuam absolutamente os mesmos.
Para o primeiro quesito, temos o SENAI e diversos outras entidades menores que oferecem cursos de interpretação de desenhos técnicos. Uma carga horária entre 16 e 32 horas consegue cumprir seu papel, tendo em vista que os montadores não serão desenhistas, apenas precisam estar capacitados para interpretar adequadamente os desenhos técnicos fornecidos nos esquemas de montagem.
Em relação à matéria-prima, o ideal seria a obtenção de catálogos dos diversos tipos disponíveis junto aos fabricantes. Feiras de fornecedores para fabricantes de móveis são um outro ponto onde este conhecimento pode ser obtido. Também citamos aqui a Léo Madeiras, que possui um centro de treinamento profissional atuante nesta área, seu foco de negócio.
Em relação aos acessórios, ferragens e dispositivos de montagem, a situação fica um pouco mais difusa, dada a pulverização de fornecedores. O treinamento junto aos fabricantes de móveis pode ser uma solução interessante, embora neste caso a visão permaneça particularizada aos itens usados ou não por este fabricante. Novamente feiras do segmento podem ser uma ótima oportunidade para ampliar seus horizontes de conhecimento.
Para o último tópico, as próprias lojas de ferramentas de grande porte possuem consultores técnicos preparados para instruir o comprador quanto à correta utilização das ferramentas e equipamentos que comercializam. Também o site dos fabricantes (em alguns casos) fornece instruções sobre o equipamento. Ressaltamos que a habilidade manual vem com o uso diário, mas que esta só deve ocorrer após o domínio teórico do ferramental.
Citamos ainda a existência do curso específico para montador de móveis, que cobrem obrigatoriamente os 4 tópicos listados neste artigo. Neste caso, o montador precisa ficar atento na internet e acompanhar a abertura de turmas que ocorre nas diferentes unidades do SENAI espalhadas pelo Brasil. Como dito anteriormente, existem outras entidades que também oferecem o mesmo tipo de curso, dada a carência do mesmo no mercado e a intermitência deste tipo de curso nos calendários do SENAI.
Finalizando o artigo, uma dica importante é que o montador solicite junto aos lojistas que mais trabalha, este tipo de investimento profissional, de preferência com Certificado de Conclusão ao final do treinamento. O lojista pode usar de sua influência junto aos fabricantes e conseguir cursos em suas instalações, facilitando em muito a vida do montador e contribuindo para o sucesso de todo o segmento moveleiro.
Nossa abordagem não esgota o conteúdo necessário para o desenvolvimento do profissional da montagem, apenas tenta balizar o mínimo necessário para a boa condução de suas atividades profissionais. Esperamos ter contribuído com uma visão prática e direta sobre este assunto, permitindo aos montadores uma visão clara sobre o que é de fato básico em sua jornada profissional.